Thursday, June 05, 2008

Passadas

Hoje olhei no retrovisor do carro e me vi adulto: gordo, barba por fazer, rugas. Simplesmente decadente. Quanto mais se vive, mais perto da morte. Não sei se era reflexo de mim mesmo, ou se era reflexo dos nossos sentimentos. Sentimentos obesos que pesam as juntas da esperança. Sentimentos que fazem a gente estar onde está. E do jeito que está. Aliás, é impossível dizer onde estaremos daqui há 10 anos. Se é que estaremos em algum lugar. Ou melhor, para onde mudaremos daqui há 10 anos. Mas pra onde? Marte é muito longe. E a Terra está ficando demodê, cor de areia, unicolorido. Tá ficando tom pastel. Não sei se pelo pastelão que virou a política, ou pelos eleitores pastéis, no qual eu e você fazemos parte. Já que há 33 anos escuto a mesma história. Desmatamos e poluímos demais, e reflorestamos de menos. Mas temos sentimentos obesos. Sentimentos obesos que pesam a junta da esperança. Temos de ganhar mais. Temos de ganhar sempre. Temos de ser melhores do que os outros. Temos de ser executivos. Temos que destruir para construir, para depois destruirmos de novo. Mas isso até quando? Eu sei. Até quando tudo acabar. Temos de lutar contra os Maggis, pois eles também vão morrer, e o dinheiro deles também não servirá pra nada. Temos de eleger quem sobretudo pensa que daqui há 10 anos ainda haverá vida. Tudo bem que não podemos mudar o mundo. Mas afinal, também não podemos mudar o Mundo de lugar.

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