Wednesday, August 05, 2009

quero

eu quero guardar
na lembrança o seu gosto
e seu jeito de olhar

eu quero guardar
você nos pensamentos
mais difíceis de encontrar

Vai que um dia eu acorde
com outra em seu lugar
sem seu beijo
sem teu cheiro
sem teu jeito
Mas prefiro nem pensar

Sem licença
a tristeza vai chegar e vai estacionar
na minha alma porque ao meu lado
meu amor esse sim é o seu lugar

eu quero voar
nas curvas do seu corpo
como um teco-teco à beira mar

eu quero voar
nesse avião que faz Paris
ser igual a Cuiabá

Vai que um dia você acorde
e descubra que não tenho mais lugar
na sua vida
no seu coração
no seu jeito de amar

Sem licença
a tristeza vai chegar e vai estacionar
na minha alma porque ao meu lado
meu amor esse sim é o seu lugar

Por isso eu quero gritar
que te amo
e não posso esperar

eu quero gritar
que te amo
e tô indo te abraçar

Por isso eu quero gritar
que te amo
e não posso esperar

eu quero gritar
que te amo
e tô indo te abraçar

Friday, January 23, 2009

NY Fest

aRte Na rua - ajude-me. eu peço socorro e ninguém me escuta

Friday, September 26, 2008

2028

Olhava atentamente as cores se misturando. Tudo passava muito rápido. Nem conseguia acompanhar a velocidade do a-z-u-l e do b-r-a-n-c-o daquele passarinho gigante, de bico engraçado, que voava baixinho pela Rua Grande. Essa Rua Grande tinha aparecido uns dois aniversários atrás, bem no meio de uma lagoa muito bonita, a Lagoa Rodrigo não sei das quantas. Meu Vovô falava que esse S-a-m-b-r-ó-d-o-m-o era uma verruga no lindo rosto do Rio. Eu não entendia muito bem o que verruga queria dizer, mas também não me importava. Sem a Rua Grande não existiriam esses tubos, que minha maninha mais velha chama de elevador. Eu achava um barato: a gente subia e descia muito rápido, mas não deixavam a gente brincar mais de uma vez. Mamãe me fez subir mais e fiquei impressionado: estava sentado numa cadeira muito mais alta que as que sentava para não derramar papinha. Eu abria e fechava os braços tentando imitar o passarinho gigante, que voava até uma estátua de braços abertos. Minha maninha mais velha começou a bater palminhas. C-a-r-n-a-v-a-l, ela dizia. Não queria bater palminhas, mas também não tem importância. Ela sempre me dava muitos beijinhos, fazia cosquinha no meu pé, e assoprava meu ouvido. Quando meus pais saiam de casa então, nem se fala. Ela puxava fumaça de um negócio com cheiro estranho, e aí me beijava tanto que me deixava todo babado. Enquanto minha irmã estragava minha coreografia, entrou na rua grande um monte de robôs gigantes. Aquilo fez que todas as pessoas se levantassem e batessem palmas. Mais palmas do que quando a gente canta o parabéns. Não gostava daqueles robôs gigantes. Tinham umas tias sem roupas com os mamás balançando, do mesmo jeito que minha mãe ficava quando um tiozinho ia de moto lá em casa. Ele era esperto: só machucava a Mamãe quando Papai não estava e antes da minha maninha mais velha voltar da escola. Toda vez que ele aparecia deixava Mamãe com muita dor, ela gritava tanto dentro do quarto que eu nem conseguia dormir. A lembrança daquele tiozinho me deixava com tanta raiva que comecei a chorar. E Mamãe a me balançar. Mamãe não parou de me balançar nem quando entraram umas vovós com vestido branco, rodando sem parar, em cima de um barco. Embaixo vi vários amiguinhos para brincar, todos sem camiseta, sem tênis, sem mamãe, sendo arrastados por uns tios. Também queria tirar meus tênis. Mamãe nos levantou quando uns robôs menores, agitando os braços ao mesmo tempo, soltaram um som que todo mundo começou a dançar. Até mamãe começou a dançar comigo. Papai se animou tanto que dançou com a Dinda que olhava como se ele tivesse feito maldade. Mamãe não gostou nem que papai começou a dançar, muito menos da cara da Dinda. Ela me largou na cadeira dela, pegou o aparelho que eu adorava morder e eles adoravam falar e saiu sozinha, dizendo que tinha mais o que fazer, que ia se cuidar. Papai me deu um sorvete falando que já voltava, e foi atrás da mamãe, acho que pra fazer curativo nos dodóis que o tiozonho fazia nela. Parei de chorar. Adorava me sujar com sorvete. Além do mais minha maninha mais velha estava comigo. E ela sempre me enchia de beijinhos quando puxava fumaça de um negócio com cheiro estranho, como ela estava fazendo com um moço naquele momento. Só que dessa vez ela não me deixou babado. Nem me deu beijinho. Dois tios, que mais pareciam robôs vestindo a-z-u-l e b-r-a-n-c-o, pegaram minha maninha mais velha e o moço. Pegaram tão forte que minha maninha mais velha nem conseguiu me levar. Talvez era hora de ir embora e ninguém tinha me avisado. Tirei rapidinho o tênis que estava me apertando. Parece que vi minha maninha lá em baixo. Desci da cadeira. Fiquei maravilhado com a imensidão de cores de saias e bermudas que minha visão atingia. Com o calor, arranquei minha camiseta. Vi os tubos que não deixavam brincar mais de uma vez. Talvez lá encontrasse a mamãe e o papai, talvez lá ganhasse mais sorvete. Um gigante tio que parecia um robô vestido de a-z-u-l e b-r-a-n-c-o pegou bem forte no meu braço, falando que ali não era meu lugar. Eu sabia que o meu lugar era lá nas cadeiras voadoras, mas nem imaginava que ele ficaria tão bravo a ponto de me arrastar pelas orelhas dali.
Olhava atentamente as cores se misturando. Tudo passava muito rápido. Nem conseguia acompanhar a velocidade do a-z-u-l e do b-r-a-n-c-o do céu entrando como uma faca cortando a escuridão. Aos poucos identificava alguns amiguinhos para brincar. Pensei como as mamães deles eram bacanas deixando as crianças saírem sem camiseta, sem tênis, sem tomar banho, sem maninha mais velha para acompanhar. E logo naquele dia ninguém queria jogar. Ninguém queria brincar. E éramos tantos naquele carro grande que dava até pra jogar futebol. Quando o homem robô parou o carro, vi que meus novos melhores amigos choravam. Lembrei que mamãe iria ficar muito brava por estar me demorando e comecei a chorar também. Acho até que meus novos melhores amigos também estivessem chorando pela mesma razão. Levei um puxão forte nos braços e fui jogado num canto com outros novos amiguinhos para sempre. O tio com jeito de robô sacou uma arminha enorme daquelas que a gente brinca de polícia e ladrão e apontou pra mim dizendo que "essa raça um dia tem que acabar". Fechei os olhos com medo da cara de malvado do tio e prometi naquela hora para meu anjo da guarda que nunca mais sairia do meu lugar. Sem querer pensei na mamãe, pensei no papai, pensei nas cosquinhas que minha maninha mais velha fazia. Ouvi um estalo, mas nem cheguei a abrir os olhos. Eu apenas sorri.

Thursday, June 05, 2008

Passadas

Hoje olhei no retrovisor do carro e me vi adulto: gordo, barba por fazer, rugas. Simplesmente decadente. Quanto mais se vive, mais perto da morte. Não sei se era reflexo de mim mesmo, ou se era reflexo dos nossos sentimentos. Sentimentos obesos que pesam as juntas da esperança. Sentimentos que fazem a gente estar onde está. E do jeito que está. Aliás, é impossível dizer onde estaremos daqui há 10 anos. Se é que estaremos em algum lugar. Ou melhor, para onde mudaremos daqui há 10 anos. Mas pra onde? Marte é muito longe. E a Terra está ficando demodê, cor de areia, unicolorido. Tá ficando tom pastel. Não sei se pelo pastelão que virou a política, ou pelos eleitores pastéis, no qual eu e você fazemos parte. Já que há 33 anos escuto a mesma história. Desmatamos e poluímos demais, e reflorestamos de menos. Mas temos sentimentos obesos. Sentimentos obesos que pesam a junta da esperança. Temos de ganhar mais. Temos de ganhar sempre. Temos de ser melhores do que os outros. Temos de ser executivos. Temos que destruir para construir, para depois destruirmos de novo. Mas isso até quando? Eu sei. Até quando tudo acabar. Temos de lutar contra os Maggis, pois eles também vão morrer, e o dinheiro deles também não servirá pra nada. Temos de eleger quem sobretudo pensa que daqui há 10 anos ainda haverá vida. Tudo bem que não podemos mudar o mundo. Mas afinal, também não podemos mudar o Mundo de lugar.

Wednesday, January 23, 2008

A Moda

A idolatria da fé é o calvário da humanidade. Por conta de esperar uma intervenção divina, esperamos que os imperadores não fossem tão romanos. Que a igreja não acreditasse em indulgências. Esperamos que a peste se interrompesse. Esperamos que o pensamento burguês fosse apenas uma moda, e que a igualdade prevalecesse. Mas desde que as mãos mágicas e a inteligência brilhante do homem instalaram as regras da tão saudada Revolução Industrial, a burguesia nunca esteve tão na moda. E se disseminou por todas as latitudes. Dinheiro pelo dinheiro, dente por dente, doa a quem doer. A visão horizontal ofusca o crescimento vertical. Não podemos mais esperar. Tempo é dinheiro. Tudo na vida tem um preço. E tem mesmo. Somos cria de uma geração que, movida a sagaz fórmula do capital gerando capital, destruiu, no último século, mais que o restante de toda humanidade. Os fins justificam os meios. Em vez de resguardar podemos desfrutar, em vez de apreensão podemos amortizar. Só que nos chega uma conta alta demais. Um cálculo que chelpa nenhuma poderá abrandar. Não me livro da culpa. Aliás, a gente tem é muita culpa no cartório. Minha profissão é criar sonhos impossíveis ao alcance da sua mão, é tornar um objeto em símbolo, é simplesmente vender pra fazer você comprar, comprar e comprar. E vendemos tudo. Até a alma. Agora meio sem querer, meio por que é bonitinho, meio querendo dar uma de bom moço, começamos a vender o mais precioso dos produtos: o planeta. Nunca se falou tanto em aquecimento global, em preservação, em ano do planeta. É a nova moda. É a nova moda para sustentar aquela antiga e perpétua moda. Mais uma ação num planejamento de marketing, mais um alvitre a ser oferecido. Compre aqui e salve o planeta em 10 vezes sem juros. Estamos criando uma maneira inconsciente de esperar um milagre, enquanto deveríamos colocar em nossas propagandas bonitinhas que isso não passa da gota levada pelo passarinho para apagar o incêndio na floresta. Mas não vamos. Não vamos expor que estamos tratando um câncer maligno com doses de homeopáticas, não vamos desvendar que o capitalismo nunca deixará de ser selvagem. Estamos apenas criando uma espera para o que não tem como esperar. Estamos criando uma idolatria da fé em prol da salvação pelo consumo. Infelizmente estamos criando o último e derradeiro calvário da humanidade. Que Deus tenha piedade de nós.

Thursday, December 27, 2007

Certezas

Assim como a onda que quebra
Assim como o vento que passa
Assim como a folha que seca
tudo que na vida começa
sempre vai haver um fim

Assim como a satisfação de um desejo
Assim como a saliva precede o ensejo
Assim como palavras falam menos que um beijo
Para escuridão sempre existe lampejo
na triste emoção do partir

Assim como um olhar corta como faca
Assim como as somas são sempre exatas
Assim como fome que vem e não passa
A dor que o peito exala
Indica que o amor vai sempre existir

Assim como o homem foi a lua
Assim como a fé, a paz tumultua
Assim como poder te tocar nua
Assim como o impossível nunca se perpetua
Tenho a esperança de te fazer feliz
E quem sabe um dia,
ver seu rosto voltar a sorrir.

Thursday, October 18, 2007

Procuramos pensadores

Procuramos pensadores. Pensadores que saibam que o futuro depende do agora. Pensadores que vão fazer da violência uma página triste de um livro de história. Procuramos pensadores que farão que a fome visite o estômago apenas daqueles que querem perder peso. Procuramos pensadores sabedores que só o voto pode mudar essa sádica política, e só a politização das massas acaba com certos currais. Procuramos quem pense o aquecimento global como um problema sério, não resolvido apenas com créditos de carbono. Procuramos pensadores que respeitem a liberdade de ser livre. Procuramos pensadores que façam das suas ações uma representação divina. Procuramos quem pense em arte, quem pense no trânsito, procuramos quem pense em novas tecnologias para um bem comum. Procuramos pensadores. Pensadores que transformem a utopia num sonho realizável. E parece que encontramos muitos.

Monday, August 13, 2007

Barroco sertanejo

quanto mais eu tenho
mais medo tenho de perder
o cafuné no meu cabelo
o meu peito aquecer
com seu abraço macio
que faz o pobre enriquecer
quanto mais vejo
mais meus olhos querem ver
o ardente do seu beijo
o seu corpo ao amanhecer
os carinhos esquecidos
que faz o dia escurecer

se isso é uma doença
todos vão adoecer
vacina que não cura
por amor eu vou morrer


quando não estás comigo
sua ausência me sufoca
o silêncio fala alto
sem você nada importa
meu coração grita calado
fazendo uma imensa oração
pedindo a Deus sua volta
implorando o seu perdão

se isso é uma doença
todos vão adoecer
vacina que não cura
por amor eu vou morrer

Wednesday, August 08, 2007

Canalização Cíclica

uma mudança nasce
da canalização da necessidade
uma necessidade nasce
da canalização da carência
uma carência nasce
da canalização de um filho
um filho nasce
da canalização do amor
um amor nasce
da canalização de um sonho
um sonho nasce
da canalização de uma vontade
uma vontade nasce
da canalização de uma energia
uma energia nasce
da canalização de uma idéia
e uma idéia sempre nasce
para canalizar mudanças.

Friday, July 27, 2007

Homenagem a Flor

meu bem....
pára de besteira...
não vem com ciumeira
que não vou te abandonar

Meu bem
sei que sou toupeira
criança sem mamadeira
difícil de acreditar

Meu bem
você é paixão verdadeira
um freio na ladeira
meu caminho até o mar

meu bem
pára de asneira
recadinho de uma fuleira
não pode nos separar

meu bem....
pára de besteira...
não vem com ciumeira
que meu destino é te cuidar

Friday, April 20, 2007

primeiros

no pé da noite tensa,
homens diferem-se de meninos,
na peleja sangrenta,
tendo a glória como próprio destino

o anjo se torna apostolo
entregue ao deleite divino
ejaculando ânsias infames
canonizando o satânico libido

afrodite vestida nua
há espera do breve cogente
a semente prematura insinua
deusa felina e malcontente

querubins tocando cantigas
iniqüidade subindo aos céus
infante morto pela vagina
tirando o homem dos réus

a diva desce a terra
o céu lhe foi fechado
a dúvida do não atingido
indigência de degustar o pecado

no fim da noite tensa,
meninas diferem-se de mulheres,
procurando uma nova peleja sangrenta,
almejando que sua sorte se altere

Thursday, March 22, 2007

Cotidiano

É só o sol se fazer presente
Que de repente
A gente sente
Que velhos sonhos não envelhecem

Sente a utopia do possível
A arquitetura de uma coincidência
Acredita no crível incrível
Idolatra a divina consciência
Esquece o inesquecível
Vê graça para os que merecem
Vence o invencível
Antigos erros não se repetem

É só a lua se fazer presente
que ninguém entende
Como que de repente
A gente sente
a realidade é uma verdade
que todos sempre esquecem
e longe da claridade
os sonhos sempre padecem

E de paceder os sonhos
renascem medonhos
qual olhos tristonhos
o ser e o não ser
Fazendo da vida
uma eterna partida
onde a chegada
não espera você

Friday, March 16, 2007

Cinema

Evoluindo

A vida é uma evolução.

E a evolução é um processo evolutivo de perdas.

Perde-se o útero da mãe.

Perde-se o direito de conhecer o pai.

Perde-se a inocência.

Perde-se a liberdade de ter liberdade.

Perde-se direitos.

Perde-se espaço.

Perde-se tempo.

Perde-se amores.

Perde-se dores.

Perde-se esperança.

Perde-se a vida.

Perde-se o futuro.

Tuesday, February 27, 2007

Descoberta

É estranho quando se conhece algo estranho.
É estranho ver o presente e lembrar da origem.
É estranho quando se é de peixes e outro de virgem.
É estranho escutar a mesma coisa que você ia falar,
É estranho ter os sonhos e o mesmo modo pensar
É estranho ser nômade, e mesmo assim ter muita raiz pra criar
É estranho conhecer o espelho e ainda assim se orgulhar
É estranho misturar amizade e admiração,
Ainda mais quando chega no peito, aperta o pulmão
Fazendo bater aquele íntimo desconhecido, jogado no canto do porão da alma.
É estranho.
Deus salve a estranha sombra da dúvida,
que gera a lúcida e luminosa clareza do descobrimento.

Encantos

Me encanta olhar tristeza
Donzela que perdeu a razão
Puta que perdeu a certeza
Colegial sofrendo de tesão
Velha amargando pureza

Me encanta histórias tristes
Meninos mais fortes que homens
armados com dedos em riste
Matar ou morrer por fome
Negar que algo maior existe

Me encanta ouvir adeus
Marias diabólicas com ar de santas
Rodando bolsas como pneus
Cantando calúnias pra quem às canta

Me encanta
Me encanta

A fé assassinar ateus
Cruzadas eternamente vazias
Roubar mitos e tudo que é seu
dizer que a alma sofria
matando fingindo que é deus
jurando a lúcifer que faria.

Me encanta escrever mentiras.
Me encanta.

Friday, December 22, 2006

Ganesh for good vibrations in ´07

Thursday, December 21, 2006

para pensar

Tomara

Tomara que, nesse ano que está chegando, fiquemos tão tristes com a pobreza e corrupção, quanto com a derrota da milionária seleção.
Tomara que, nesse ano que está chegando, tenhamos tanto orgulho dos comandantes tupiniquins como nos orgulhamos da turma do Bernardinho.
Tomara que, nesse ano que está chegando, ladrões vestidos de parlamentares sejam punidos com o mesmo rigor de quem rouba um pão.
Tomara que, nesse ano que está chegando, deixemos de tantas teorias e coloquemos o amor em prática.
Tomara que, nesse ano que está chegando, a preocupação de um futuro melhor seja a realidade do nosso presente.
Tomara que, nesse ano que está chegando, livros sejam mais fortes armas, e mais interessantes que o vício que entorpece.
Tomara que, nesse ano que está chegando, que o inconsciente coletivo que a todos harmoniza não seja exclusividade do dia 25 do último brumário.
Tomara.

Thursday, December 14, 2006

Rio

Monday, December 11, 2006

Talvez

Talvez seja apenas um dia
Talvez uma eternidade inteira
Talvez seja um mito
Talvez uma dádiva verdadeira
Talvez seja infinito
Talvez apenas passageira
Talvez seja demasiado tarde
Talvez haja a vida inteira
Talvez a história não se torne realidade.
Talvez ela apenas começou
Talvez não realize sonhos.
Talvez um deles ainda não terminou.
Talvez nunca possa dizer tudo
Talvez possa pra sempre repetir
Talvez essa descoberta não brote frutos
Talvez dos frutos, sementes vão surgir
Talvez nunca mais a veja
Talvez seja a apenas primeira vez que a vi
Talvez seja inconcebível
Talvez o não provável se conceba
Talvez seja uma utopia
Talvez um impossível aconteça
Talvez não mereça
Talvez tenha feito muito por merecer
Talvez esqueça
Talvez esqueça de esquecer
Talvez sejamos felizes
Talvez eu conheça a dor
Talvez seja apenas carnal
Talvez descobri o que é o amor

Domingo

O céu estava claro
Radiante como a manhã
Era mais um céu de anil
Numa ordinária vida de tantas manhãs
Os olhos embebedaram a alma
Fazendo do espaço uma revolução
Era descoberta de um sentimento escondido
Que os mais aguçados olhos não conseguiriam ver
Sentimento puro e imprevisível
Que nem em muitas vidas poderíamos entender

Quando os céus começaram a chorar
Foi nítido que era de emoção
Fez as palavras dizerem pouco
Fez do pouco, uma explicação
Era a chegada de uma estrela
ofuscando o próprio sol de verão
Uma estrela com luz própria
luz que cega a visão
Que dá olhos para inconsciência
E faz falar a voz do coração

Uma luz que clareia obscuros caminhos
que tem na luz da lua sua madrinha
um farol no escuro profundo
uma luz que até a mais sombria das almas irradia

Luz que faz o mundo sumir
aparecendo a visão de um novo universo
Que mostra a relação entre vida e morte
Como apenas um invisível paralelo
Luz sem entendimento
Que nos ensina a entender
Que a cada momento nessa passagem
temos muito mais a aprender

Aprendizado que nem o mais fabuloso dos mestres
Teria a maestria de ensinar
Contemplando em um simples segundo
A copulação entre terra, céu e mar
Gerações e gerações de alguma forma
Tentaram denominar
Esse momento indescritível
que a faz o tempo acabar
Mas o que pra sempre é infinito
Palavras não podem representar

O céu estava claro
Radiante como a manhã
Era mais um céu de anil
Numa ordinária vida de tantas manhãs
Quando os céus começaram a chorar
Foi nítido que era a despedida
De uma luz que brilhou caminhos
Para uma alma que se achava perdida.

Wednesday, August 09, 2006

New side. Old mistakes.

Tuesday, August 08, 2006

O sonho

Uma glória não se faz em poucos dias
Vieram Ênios, Minellis, Murycis atrás de uma utopia
Mas foi outro maestro, o Abel quem diria
regendo nossa alma com verdadeira maestria
Espantando fantasmas, transformando a dúvida em alegria
Embalado pela a mais bela das sinfonias
Sinfonia onde o coro é o canto de uma torcida
De fazer inveja a Bach, Beetoven e cia
Que a sangue, lágrimas e muita dedicação
Merece gritar para todo mundo Inter é Campeão!

the dream still growing

SAYDas

Se o chorinho é o blues do samba
Só tempo vai dizer
Mas para um verdadeiro samba
O coração tem de sofrer
E nas cordas do cavaquinho
Faz a saudade padecer
Do seu colo
Do seu beijo
Do seu rosto ao amanhecer

O samba é uma esfera linda
Que esconde a solidão
A procura do amor perdido
Com ritmo e ilusão
Momentos jogados nos cantos
Que lotam o coração
De momentos agradáveis
Livros, roupas, sensação
Pra dividir o meu vazio
Não me resta outra opção
Se o chorinho é blues do samba
Vou cantar com emoção

Monday, July 24, 2006

teimosia

Descobrir um amor perdido
Não serve como desilusão
Pois pra existir esse amor ferido
houve sempre uma paixão
Quando vê o amor partindo
Sente frio e sofridão
Mas o orgulho sempre maldito
Cala a voz do coração

O desespero toma conta
Quando se vê na multidão
Que o reflexo do seu sorriso
Faz qualquer rosto virar paixão
Transforma a felicidade num mito
E a procura em solução
Para curar um amor partido
Não basta apenas compaixão
É preciso um amor faminto
Daqueles que se chora de emoção
Quando ouve bem baixinho
Falar a voz do coração

Monday, April 03, 2006

Votos

Esse ano resolvi fazer diferente. Não vou falar dos nossos sucessos em 2005. Nem vou falar de tudo que passamos nesse ano tão corrido. Não vou falar que desejo muita, mais muita saúde e felicidade para você no próximo ano.
Vou ir muito além.
Vou exatamente para daqui um ano.
E daqui há um ano, meu amigo, minha amiga,
você vai falar que 2006 foi o melhor ano da sua vida.
Também você gritou Brasil é Hexacampeão!
Você nunca esteve tão bem profissionalmente.
O país bateu recorde de crescimento, e você de aumentos.
Ganhou 10 dias num paraíso com direito a acompanhante.
Só viu seu médico no aniversário da filhinha dele.
Você votou em gente comprometida com o nosso país, e eles foram eleitos, fazendo do Brasil um ligar melhor para se viver.
Porque Viver.....
Viver é quebrar regras.....
viver é alcançar objetivos, e depois de alcançá-los ver que temos inúmeros objetivos a alcançar....
viver é sentir o frio na barriga na hora da decisão....
viver é fazer aquilo que se ama, pra quem se ama.....
viver é acreditar num futuro melhor.....
Afinal o futuro pertence àqueles que acreditam na beleza dos seus sonhos.

Hoje

Era apenas mais um dia. Era. Não foi. Logo de manhã descobri que a perda é o ganho da culpa. Que a razão é a certeza de nunca ter estado certo. Percebi que o vazio é o que mais enche, mais sufoca. Que o silêncio é o grito que soa mais alto. Senti que a saudade é a felicidade daquilo que não se teve. Que o sonho é o pesadelo de não ser verdade. Nessa manhã, assim, de repente vi que a proteção é o egoísmo de querer mais. Que a virtude é o reflexo do fracasso. Que a agressão é o carinho encubado. Nesta ordinária manhã, descobri o que significa esse impossível realizável que se chama amor.

Friday, March 31, 2006

retrato

Os anos batem na porta
E ninguém aparece
Auto estima e solidão
são intimas quando florescem
A loucura da razão
Ludibria quem padece
De falta de opinião
Ou um corpinho modelete
Aparência substituiu a alma
A carne é o que enfraquece
O vício é o alívio da tensão
Mas o espelho nunca esquece

Pedro

Meu nome é Pedro.Mas pode me chamar de José, Antonio ou tantos outros milSou apenas mais um na violentada pátria amada, e idolatrda chamada Brasil.
Violencia que vem de tempo...Desde quando Cabral nos descobriu guaido pelos poderes dos ventos..... E com bandeirantes, igreja, gripe e descontento....Massacrou aqui uma nação.
Nação....Nação formada por xavantes, xingus, tchucarammaes,Morubixabas insolentes perante o fogo dos jesuitas....Que pela força ou pela inocência trocaram a beleza por espelhos...E a liberdade pelo perdão.
Perdão.....Palavra que assola a cidadania...Nos povoando com ladrões, escravizando irmãos, deixando a terra da vida vazia....Capitanias hereditárias, feudalismo senzala, covardia.....Exploração de ouro, diamantes, pau brasil, a favor da diabólica monarquia....Que despertaram o desejo de independência ou morte...Como Dom Pedro e muitos outros anjos diriam....Acabaram com as riquezs, com gerações, mas não acabaram com a nossa espernça e alegria...
Alegria que não durou muito tempo...Veio a república, Getúlio, Juscelino, o golpe militar, a tal da guerra fria....E o Brasil ainda não era nada daquilo que a gente queria....Plano funaro, os dois fernandos, a esperança venceu o medo, e o barbudo, quem diria, transformou nosso país em refém da hipocrisia...
Hipocrisia.....Que apodrece todas as instâncias...Granja do Torto, Piratini ou Casa Branca..Onde a insanidade se confunde com o próprio medo...Onde números, grades e código escondem os mais negros segredos..Segredos que rejem o mundo como uma divina comédia recheada de amargos temperos...
Mundo, planeta água, planeta terra...Mundo que nos fornece matéria-prima divina....E agora tenta se livrar do câncer...Com Tsunamis, secas na amazônia, Katrinas...Efeito da produção em massa, da burguesia minoria...Do relógio Rolex, casaco de pele, terno armani, sorriso perfeito, com combustível cocaína, vendendo indultos em todas esquinas, sustentando o caos a base da anarquia...onde na favela traficantes são deuses, e no asfalto o calmante da familia.....
Anarquia do medo, anarquia da fome, anarquia do fim..Onde carros blindados são vítimas de si mesmo, com secretárias prostituras e mulheres cheias de jóias nos dedos.... Sustentando o morro com o vício que domina, olhando o moleque na rua, fome no prato, a noite vazia.... Deixando pro resto apenas o desdém.Sou esse menino, e meu nome é Pedro.Mas podem me chamar de Zé.Zé ninguém.

Thursday, March 30, 2006

Diário

Acordei assustado. Desde de que me mudara para o Rio há alguns meses atrás, acordar com um imenso vazio dentro de mim, era uma rotina. E isso me assustava. Tanto que já andava meio descreste. Estava perdido nas minhas convicções. Não sabia se era pelo stress do emprego, se era pelo salário injusto, se era pela falta de amor, ou se era pela enorme distância que me separava do meus sonhos. Mas não era tão óbvio. Eu que fora sempre um exemplo de determinação, agora não acreditava mais. Mal sabia que estava perto demais para poder entender o tamanho do vazio que sentia. E nem imaginava que horas depois, aquele dia de domingo mudaria minha vida para sempre.

Resolvi caminhar para aliviar a tensão dos meus pensamentos. O dia estava lindo, mas não pensava em ir praia. Havia algo errado no reino dos céus. Dezoito anos, empregado, bem casado, um filho lindo, e ainda sim infeliz. Ainda sim com um enorme vazio que me sufocava como uma droga que lhe mata lentamente. Nunca fui religioso, mas rezei. Está certo, mentia que ia à missa para poder jogar bola, mas sempre acreditei que Deus está em todo lugar, que Cristo poder ser aquele mendigo da esquina, se existe uma Pedra, Ele está lá. Por isso rezei. Gostaria de entender os sinais. Pedia impetuosamente uma dádiva. Vagava, perdido em minha fé, quando percebi que aquilo que tanto me marcara na infância, estava agora como um brinquedo velho que achara repentinamente jogado no porão. Vi de longe uma luz que, por poucos segundos, me cegou. Repentinamente ela me encontrou. Sem querer, meio que guiado por forças ocultas, meio sem entender nada, como se tivesse acabado de recuperar a consciência, me encontrava diante da visão mais iluminada da mina vida. Era o sinal.

Sentando num templo suntuoso, onde até o maior dos ateus acreditaria nessa força superior, eu simplesmente não acreditava no que meus olhos viam.
Ao meu lado fiéis fervorosos ajoelhados às lágrimas, agradecendo aos deuses, quase que numa crise de euforia coletiva. No centro, descobri que alguns anjos não têm asas, e num balé exuberante, voam perante nossos olhos. Mais na extremidade do enorme templo, percebi que certos santos ainda vivem, e operam milagres, com a mesma facilidade que Jesus multiplicou os pães. Entendi que a fé desperta cânticos dignos de uma ópera de Vivaldi. Os Bispos, caprichosamente vestidos de negro, que ministram esta sinfonia, são idolatrados e odiados num esplendoroso e simples segundo.
Era uma tarde quente, um domingo como mais um domingo, Lagoa, Cristo, Humaitá, Coqueirão. Era. Mas não foi. Depois desse dia 19 de março, entendi a magia que fez e faz tantos Zicos, tantos Bebetos, tantos Nunes, tantos Romários. São eles que nos dão visões divinas, mas mesmo assim não são eles quem criam os milagres. È esse algo mais que não conseguimos explicar, e mesmo assim aumentam a cada dia a nossa fé. É algo mais que faz nos rir e chorar. É algo que não existe nada que seja mais. É algo que se chama fazer meu primeiro gol, no Imaculado e eterno Maracanã.

Eu

Sou filho de uma geração que destruiu, no ultimo século, mais que a humanidade inteira tinha destruindo em milhares e milhares de anos. Não que seja minha culpa. Mas infelizmente uma baleia Fin não tem inteligência suficiente para se defender. Mico Leão dourado as vezes não é tão rápido quanto o fogo. As vezes as águas afogam a vida. E a grande maioria da destruição não vem por ordem divina Temos de disseminar essa consciência para que deixaremos de ser a gota levada pelo passarinho para apagar o incêndio na floresta. E isso se transfere para todas as vertentes da nossa putrefaça, obsoleta, e invarialmente coronelista sociedade brasileira. Infelizmente para isso, apenas palavras não bastam. Temos de agir. Estudar, aprender, executar, entender, prosperar, ajudar. E na hora de votar, temos chance de provar, que utopia não é um sonho impossível. E sim um futuro realizável. Que não sejamos mais obrigados a tolerar coreografias mal ensaiadas, colocando os cidadãos de bem, como marionetes com a mesma inteligência que uma pedra. Esse é o nosso maior paradigma. Que pena.